HB Tronix

em

THE BOYS FROM IPANEMA

  

“HB Tronix em The boys from Ipanema” nasceu do encontro do músico Guga Stroeter, do pianista e percussionista cubano residente no Brasil, Pepe Cisneros, e do engenheiro de gravação San Issobe; cada um contribuindo com sua formação para tecer uma musicalidade contemporânea onde convivem ritmos brasileiros e cubanos amalgamados pela sonoridade dos recursos digitais. O álbum foi produzido pelo norte-americano Arto Lindsay (no Brasil produz Marisa Monte, Caetano Veloso, Carlinhos Brown) e tem a colaboração do carioca Berna Ceppas.

A sigla HB, no título HB Tronix, significa que o grupo descende diretamente da Orquestra Heartbreakers, grupo liderado por Guga Stroeter e que tem Pepe Cisneros como diretor musical. Nesse sentido, “The Boys from Ipanema” é uma evolução eletrônica dos procedimentos do cd “HB Big Band Salsa Samba Groove”, lançado pela gravadora Trama no ano de 2001.

“HB Tronix em The boys from Ipanema” não usa nenhum sample de outros artistas: todas as batidas e timbres foram criados pelo grupo, e sobre esses grooves foram somados o vibrafone de Guga Stroeter, a percussão salsera de Pepe Cisneros, a percussão do baiano Bolão, os sopros do saxofonista e flautista cubano Luiz Cabrera, o violoncelo charanguero de Yaniel Mattos e os toques dos raperos de Havana René, Kokino e Sekou.

Todas as músicas de HB Tronix evoluem dramaticamente como a trilha de um filme, onde o ouvinte é convidado a viajar por sensações, cores, paisagens.

A primeira faixa “Agdavís” construiu-se sobre a batida do ritmo opanijé, freqüente em cerimônias de cura no candomblé brasileiro. Sons de tabla indiana e o contraponto de ruídos e timbres eletrônicos criam uma estrutura mântrica. A surpresa acontece quando surge o piano atonal, numa alusão a Stravinsky e Bernstein.

“P’a que tu me llamas” é uma festa onde fundem-se ritmos de dança de rua, do cortejo do carnaval brasileiro e da conga oriental de Santiago de Cuba. A batucada do samba e dos timbaus obedecem ao chamado dos cincierros da conga, e  à medida que o bloco caminha, vamos encontrando o som do violoncelo e as improvisações do coro dos rumberos. A batida house conduz toda faixa para a euforia.

De todas as faixas de “The boys from Ipanema”, “Pachuca” é a que mais contém a malícia do jazz. O vibrafone e o prato da bateria criam uma atmosfera noir, existencialista.

“La vitta é bela” é uma homenagem ao grupo fusion Weather Report. Nessa vereda barroca sucedem-se surpresas, como num trem fantasma. Pepe e Luiz improvisam, até que o vibrafone propõe uma melodia simples, similar aos coros de samba de roda do Recôncavo Baiano. Daí em diante surgem as palmas, celebrando uma dança circular, com batida house, tambores e sanfonas.

“Omituto” é o desenvolvimento de uma oração usada no preâmbulo das cerimônias de santeria dos orixás cubanos. Esta frase é dita por todos enquanto gotas de água são jogadas no ambiente e nos participantes como forma de purificação e abertura de caminhos. Os timbres de teclados evocam o jazz rock de Miles Davis do começo dos anos 70, os tambores em seis por oito atam o tema ao chão da África. Os rapers René, Kokino e Sekou  nos chamam a atenção para a necessidade de construir um mundo espiritual que nos conduza para a paz e tolerância.

“Bossa Dora” é a canção que mais se aproxima do lounge drum’n and bass. A bateria eletrônica nervosa contrapõe-se sempre ao vibrafone suave e contemplativo. Esses opostos somam-se numa alternância complementar de tensão e relaxamento.

“Agora vou me mandar” é uma canção com a energia ingênua do boogaloo e do twist do começo dos anos 60. Ao ouví-la ou dançá-la, podemos visualizar lambretas, topetes, saias rodadas e meias soquete.

“Muevete” foi edificada sobre a polirritmia do ritmo yambu, uma das três modalidades do complexo da rumba, gênero oriundo da região de Matanzas, Cuba. A aproximação de tambores tribais nos remete ao exotismo do jungle style de Duke Ellington, em seus tempos de Cotton Club, no Harlem dos anos 20. A repetição da clave cria o padrão rígido para que todos os outros motivos livres possam evoluir. A melodia proposta é um tema  elementar, logo substituído pelo coro e pelo ponteado sincopado do tres. O andamento lento é sério e hipnótico.

“Balaio” é um ijexá eletrônico, uma batucada do afoxé baiano; com direito a fogos de artifício e coro de pastorinhas...

“The Boys from Ipanema” encerra-se com uma faixa plus, uma versão cantada de “Agora vou me mandar”, nas vozes de Nayê e Guga Stroeter. A letra descompromissada, cheia de movimentos, cores e anarquia é uma brincadeira que reitera o caráter bem humorado e alto astral do álbum.

“HB Tronix em The Boys from Ipanema” é um cd que propõe-se a trazer organicamente para dentro da essência minimalista da música digital, um amplo espectro de informações multiculturais.

 

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