Espetáculos

AGÔ: O SHOW

Dos lançamentos em cd do selo Sambatá o que mais agrada e tem vida própria é o cd “Agô-cantos sagrados de Brasil e Cuba”.

O álbum foi lançado em 2003 de maneira discreta: um trabalho independente que teve edição de mil cópias e não foi sequer resenhado nos jornais. No entanto o feed back foi surpreendente, pois recebemos elogios e correspondências de muitas partes do mundo.

A Ong Sambatá, tem como um dos objetivos neste ano de 2006 finalmente realizar o show de lançamento do disco. Para isso, busca parceiros que acreditam na relevância do projeto.

JUSTIFICATIVAS DA GRAVAÇAO DO CD AGÔ

Em minhas viagens, percebi uma lacuna bastante óbvia nas relações culturais entre Brasil e Cuba. No candomblé aqui do Brasil canta-se para os mesmos orixás que a santeria cubana: Oxum, Ogum, Iemanjá, etc. No entanto jamais haviam compartido ou trocado experiências musicais e “espirituais”. Percebi que eram dois mundos separados pela injustiça histórica, pelo crime da escravidão. Para minha surpresa, notei que a admiração recíproca entre brasileiros e cubanos já se manifestará em diversos níveis: no esporte, na literatura e mesmo na música. No entanto, o último movimento de aproximação consistente no âmbito musical foi nos anos 70, quando Chico Buarque e Milton trabalharam com Pablo Milanês e Silvio Rodrigues. Esta afinidade desses artistas tinha como subtexto uma crítica às ditaduras de direita que assolavam a América Latina e que eram patrocinadas pelos sucessivos governos norte-americanos. O contato das camadas mais populares, dos afros-descendentes que compartilham antepassados de culturas idênticas permanecia inexistente! Essa injustiça histórica ainda não foi descompensada na medida em que esses segmentos ainda ocupam as classes sociais segregadas em ambos os estratos sociais atuais.

Evidências paleontológicas recentes confirmam que o Homo sapiens migrou da África. Conseqüentemente, somos todos, sem exceção, afros-descendentes. Sabemos também que as religiões ocidentais atuais são recentes. O Cristianismo tem 2000 anos, o Islamismo 1400, enquanto as religiões africanas são muito mais antigas. A cultura dos orixás, portanto, é um muito antigo elo entre o homem e a natureza, e deveria ser encarado no mínimo como algo interessante culturalmente ao invés de ser satanizado e segregado à prática de bruxaria.

Mesmo sem entrar em méritos religiosos, que talvez não seja o escopo de nossa investigação, temos ótima música que por si só já justificaria nosso investimento. Essa música tem um tratamento inédito, pois tomamos os cantos e toques em estado puro (vozes não temperadas e tambores polirritmicos) e os tratamos com a mais sofisticada linguagem de arranjos da música popular influenciada pelo jazz. Assim esta música deixa de ter apenas valor de registro antropológico, para ser música muito boa de se ouvir e dançar fora de qualquer ritual.

REPERTÓRIO

O show Agô consistirá nas canções do álbum mais três arranjos inéditos de cantos cubanos para Osain (Ossanha do candomblé brasileiro), Eleguá (Exú), Chango (Xangô).

OS CANTORES PROTAGONISTAS

Representando a tradição brasileira, o cantor será Sapopemba.

Esse alagoano de 59 anos de idade é Ogan de candomblé, reconhecido como um dos maiores arquivos vivos da cultura popular brasileira, é o principal cantor do álbum Agô.

Entoando os cânticos da santeria cubana, a vocalista será a jovem Liena Centeno, praticante da relegião Ioruba, feita no orixá Obatalá (Oxalá), ligada a mãe de santo Nancy Paz, de Havana Vieja.

Liena foi recomendada para intercâmbio com o Brasil pelo percussionista Amadito Valdes, percussionista e personagem do filme Buena Vista Social Club.

OS INTRUMENTISTAS

Dino Barioni: violão, bandolim, viola caipira, arranjos e direção musical.

Ari Colares: percussão brasileira e co-direção musical.

Léo: batas e percussão cubana.

Pepe Cisneros: piano.

Guga Stroeter: vibrafone e direção artística.

Ramon Montanhaur: bateria.

Marcos Paiva: baixo acústico.

Elisafe Costa: saxofone e clarinete.

Paulinho Viveiro: trompete.

Jaziel: trombone.

Mazé Cintra, Neusa de Souza e Verlúcia Nogueira: coro feminino (pastoras do grupo Abaçaí).

PRODUÇÃO EXECUTIVA

Gleice Uchino, Jussara Salles, Gisela Moreau.

DATA IDEAL PARA ESTRÉIA

Agosto/setembro/2006.

 

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