DUKE ELLINGTON

Por Guga Stroeter

No centenário de nascimento de Duke Ellington, a editoria da Folha de São Paulo pediu algumas linhas sobre a vida e obra do músico norte-americano.

Edward Keneddy "Duke" Ellington nasceu em 1899 em Washington D.C., num período marcado por contradições emergentes nesse fenômeno peculiar que e a evolução das relações raciais da cultura norte-americana.

Duke nasceu no seio da aristocracia negra do Norte, que buscava afirmar-se numa sociedade conturbada. O modelo do homem bem sucedido espelhava a essência do homem vitoriano. Foi criado com a perspectiva de que a assimilação dos preceitos da moralidade e da cultura branca sintetizavam a estratégia da possibilidade de afirmação social da sua raça.

Seu pai era mordomo de um médico que prestava serviços à Casa Branca, e sua mãe era filha de um dos poucos oficiais negros da policia local. Primogênito, mimado à exaustão, o pequeno Edward gostava de falar difícil e orgulhava-se de saber usar os diferentes talheres à mesa. Seus maneirismo refinados, ainda na infância, renderam-lhe o apelido de "Duke" (duque). Os caminhos para o sucesso não eram muitos: o beisebol ou a música. Uma bolada na cabeça, num jogo de colégio, foi o suficiente para removê-lo para a segunda opção.

Duke era um homem invariavelmente bem-humorado, apreciador de roupas caras, de boa comida, de mulheres bonitas e do reconhecimento oficial. Carismático, dono de uma fenomenal capacidade de trabalho, tranqüilamente consciente de seu talento, Duke escudava-se nesse estereótipo. Bem-sucedido, tornou-se um homem enigmático, indecifrável.

Duke era um sedutor. Alguns de seus biógrafos não passam de fãs deslumbrados, que o veneram como uma espécie de divindade; outros, irritados com sua intangibilidade, tentam desmontá-lo. Certa vez, perguntando sobre as razões de sua hipocondria, Duke respondeu: " É preciso ter saúde para proteger as pessoas que amamos mais do que a nós mesmos."

No caso de Duke, a difamação ou a adoração à sua pessoa dão no mesmo: seu mistério permanece intacto. Ninguém ainda pode compreender exatamente qual é a verdadeira natureza de sua satisfação narcísica, nem tampouco constatar a porção dramática de sua existência.

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